MEMÓRIAS DO QUEIMADINHO: registros da história da prostituição na cidade de Altos, Piauí

Conheça um pouco dos detalhes de como era a vida das mulheres que habitavam o Queimadinho, uma das mais antigas zonas de prostituição altoense, e saiba, também, um pouco da história do lugar...

MEMÓRIAS DO QUEIMADINHO: registros da história da prostituição na cidade de Altos, Piauí

O Queimadinho trata-se de uma antiga zona de prostituição de Altos, onde os homens, solteiros e casados, iam à procura de lazer, diversão, entretenimento e serviços sexuais remunerados. Não teve sempre esse nome. Originariamente era conhecido como a “Cabaré da Venança” ou “Vai Quem Quer da Venança”. Venança, diga-se de passagem, é o nome da “Madame” ou “Senhora” daquela antiga zona boêmia, sendo a pioneira do lugar a atuar no ramo da prostituição, e, depois, passando a ser a proprietária.

Conta-se que, originariamente, as terras em que depois se instalou o Cabaré da Venança, situadas na rua hoje batizada de Conselheiro Ferreira Lima, pertenciam ao Coronel Miguel Telésforo do Vale, que, dizem as más línguas, teria tido um caso com Venança, e por isso a teria deixado construir morada no lugar, juntamente com a amiga, também pioneira da prostituição no lugar, Maria Emídio.

Construíram uma precária casinha que logo em número foi crescendo dando origem a muitas, (…) muito pequenas e frágeis. O trabalho apesar de difícil não demorou a render, pois ali mesmo, sob esteiras e caixas de papelão, passaram a garantir o sustento a custa daquilo que, talvez, melhor soubessem fazer. (FÉLIX, p. 38-39)

Rubens Félix apresenta em sua monografia “O corpo a troco da dignidade (1970-1990)” uma versão dando conta de como Venança teria decidido “cair na vida” da prostituição. Lê-se, ali, que ela teria um marido violento, e cansada de apanhar, um dia decidiu abandonar o esposo e os filhos, para “cair na vida” Antes de sair de casa deixou o almoço feito e procurou o já mencionado Miguel Telesforo para que lhe desse morada, obtendo êxito nessa empreitada. Inicialmente seriam umas casinhas de taipa, bem rústicas. Nem camas tinham. Deitavam-se com os homens em esteiras ou caixas de papelão. Depois é que foi aumentando o “empreendimento”.

Dizem que como Venança tinha um caso com o Coronel Miguel, logo passou apenas para a atividade de gerência do lugar. Reza a lenda, ainda, que o próprio Miguel é quem teria batizado o lugar de “Vai Quem Quer”. É que muitas senhoras de família, descontentes por tomarem conhecimento de que os maridos eram frequentadores do lugar, iam queixar-se ao velho Coronel, perguntando como ele deixava aquelas mulheres desenvolverem tal atividade em suas terras, ao que ele respondia dizendo: “Não é problema meu, ali só vai quem quer”.

O certo é que, com o tempo, mais mulheres vão procurando refúgio, ainda que temporário, naquele lugar em busca de obter o sustento com seus favores sexuais, e, no entorno da Casa da Venança vão se erguendo outros casebres e quartinhos, quase todos bares ou compartimentos destinados ao atendimento da clientela da prostituição. Rubens Félix elenca em sua monografia uma série de fatores que fazia as mulheres, quase sempre das áreas rurais da cidade, a procurarem aquele lugar para ganharem o pão de cada dia:

As mulheres que partiam de suas casas, quase sempre de diferentes localidades da zona rural, iam ao “Vai Quem Quer” na grande maioria das vezes, motivadas pela extrema situação de pobreza em que viviam, haja vista que era tempos de maior pobreza e desigualdade socioeconômica no Piauí e Brasil a fora. Segundo relatos de uma entrevistada, que preferiu não se identificar, mas que dar-se-á o nome fictício de “dona Ana”, consta que foram inúmeras as jovens que saíram de seus lares e caíram na prostituição pelos seguintes motivos: fuga de uma realidade miserável de fome e abandono social; expulsas de casa por haverem sido “mexidas”, ou seja, desposadas antes do casamento; doadas aos padrinhos da cidade ou amigos da família de melhor situação econômica, ou com intuito de trabalhar em casa de família e ajudar os parentes, e que mais tarde as abandonavam à própria sorte (FÉLIX, p. 41).

Em outra passagem do texto de sua monografia, Rubens Félix registra o seguinte:

O que se sabe sobre as prostitutas do período em questão é que pouco tinham acesso ao meio social e que suas vidas reservavam-se aos lupanares e bares de suas redondezas. Lá elas iam parar por inúmeras razões: fosse por haver sido “bolidas” ainda novinhas mesmo com seu consentimento, “iludidas” por algum malfeitor ou mesmo estupradas. Isso era razão de sobra para que os pais as abandonassem de modo que não havendo um casamento mesmo que forçado entre malfeitor e malferida era nos cabarés onde elas encontravam abrigo, passando a dedicar-se exclusiva e unicamente ao novo oficio. (...) (p. 14) 

José de Ribamar Gomes, vulgo Ribas Kaburé, filho de Aninha Kaburé, uma das mulheres que viviam no Queimadinho, contou-me em uma entrevista no programa A HORA DA ACADEMIA, da Academia de Letras e Línguas Nativas Altoenses (ALLNA), que era transmitido ao vivo nas manhãs de sábado, no período da pandemia, um pouco da história do lugar, em especial a partir da época em que sua mãe chegou por ali: 

ela já tava lá em 1949, 1950... Ela chegou por ali foi assim: ali só tinha o casarão de Dona Venança, que já tinha um barzinho onde se fazia dia de sexta-feira um forró animado pelo famoso Luiz Pastora e o Seu Odilon do Pandeiro, vulgo Fogo Pagou, e a mamãe chegou pra lá e fez o cantinho dela, a casinha dela, e ela foi vendo ali a necessidade que havia de oferecer algo pra comer... Já se oferecia a bebida, se oferecia o forró, e a Venança acolhia as mulheres que vinham de fora, as famosas “raparigas”, “meretrizes”, né? não tinham morada, iam prum quartinho e ali foi começando o Queimadinho. A mamãe foi fazendo a comida e tirando dali o seu sustento, começou a botar panelada, criou pratos diferenciados que não se viam no dia-a-dia, como uma cabeça de leitão ao molho, uma farofa... (...) Eu cresci sabendo que quem começou ali o cabaré foi a Dona Venança, que chegou prali em 1940, e construiu o casarão, com a calçada alta, logo ali veio o cidadão de nome Benedito Lúcio, e eles tocaram o negócio pra frente, porque não tinha ainda em Altos um local de festas pra essas pessoas que viviam à margem da sociedade, porque naquele tempo rapariga tinha que ficar lá, não podia nem ir no mercado fazer compra porque as mulheres da alta sociedade passavam e viravam a cara, era diferente... Minha mãe tinha um tratamento diferente porque ela não era propriamente uma prostituta lá do Queimadinho... Ela era uma mulher que foi morar lá dentro porque viu a possibilidade de ganhar um dinheiro extra, vendendo a sua panelada, o seu cafezinho (...) aos poucos foram se construindo quartinhos e mais quartinhos e dando origem ao cabaré. (...) Originariamente o nome era Vai Quem Quer, porque as mulheres casadas iam reclamar com a Dona Venança e ela dizia que tava ali pra vender cachaça e fazer festa, e daí pra ir pra lá só ia quem queria, e ela não tinha nada a ver com isso... Lá no barzinho da minha mãe era um bar que se considerava um bar da “sociedade”, lá não tinha bagunça... até porque naquele tempo não existia essa famigerada droga espalhada como se vê hoje, aqui e acolá se via um senhorzinho com um cigarrinho de maconha, mas era uma coisa muito isolada, na cidade de Altos tinham uns dois, três que fumavam maconha... Então por lá tinha advogados, generais, prefeitos de outras cidades que vinham porque ouviam a propaganda da boa panelada, do bom forró... Numa dessas festanças seu Chico Fogoió foi se apresentar, galegão, tocava violão divinamente bem, e foi ficando e passou a viver com minha mãe, as amizades dele eram João Lobo, que era exímio violonista, tocava muito bem, o França, tocava violão também da Emater, o Zé Maria no surdinho (...). Uma dessas amizades do meu pai tinha o Zé Maria... o Zé Maria todo mundo aqui em Altos conhecia ele, era um cara da alta sociedade... O Zé Maria era um político, tocava muito bem e as mulheres se apaixonavam por ele. Numa dessas mulheres que ele tinha por lá, tinha uma que chamou mais a atenção dele e ele se relacionou, se apegou muito com ela e ele se apaixonou por essa mulher, inclusive meu pai me contava isso, e tinha muito ciúme dela e ela dizia pra ele que não tinha condições de ficar num relacionamento com ele, porque precisava ganhar dinheiro pra pagar a subsistência dela e ele foi aumentando aquele amor que ele tinha por ela e um certo dia ele chegou lá e encontrou ela no quarto com outro homem, então ele tomou um copo cheio de São João da Barra e jurou que naquela noite ele ia fazer uma boa com ela e ia mostrar quem era o Zé Maria aqui dentro da cidade. Naquele tempo a luz apagava às dez horas, e tudo encerrou e foram dormir e acordaram de madrugada com o clamor das mulheres dizendo que o cabaré tava em chamas. Nunca houve uma prova pra jogar ele na prisão, mas a verdade é que ele era amigo do papai e confidenciava com ele e chegou a dizer pro papai que ia tocar fogo no cabaré. (...) Na verdade esse incêndio ninguém sabe com certeza, existe até a possibilidade de que uma bagana de cigarro tenha dado início ao incêndio. O certo é que a partir do incêndio o local deixou de ser chamado de Vai Quem Quer e passou a ser chamado de Queimadinho” (2021).

A versão de Ribas Kaburé é corroborada por Maria das Neves Sousa Mesquita, antiga proprietária de um cabaré, que afirma, em entrevista a John Kennedy de Carvalho Justino, em monografia denominada “DIVIRTAM-SE: EM CENA, O LAZER E A SOCIABILIDADE EM ALTOS – PIAUÍ” (2012), que quem tocou fogo no Queimadinho foi o Zé Maria, apenas apontando uma motivação diferente, mas não menos abusiva, para essa ação da parte dele:

(...) É pro que tinha o Zé Maria do Juquinha, era um pé inchado malelemento que só um cão, aí a velha tinha perturbado ele lá, não queria despachar bebida pra ele tava no aniversário, ele não pensou duas vezes, foi lá na rua comprar a gasolina, quando dero fé já estava incendiando tudo, tocou fogo (MESQUITA, 2011).

A verdade é que o Ribas Kaburé romantiza um pouco a vida das pessoas daquele lugar, e mostra até certo saudosismo, eis que ali foi que viveu muitos e bons momentos de sua vida. Evita entrar em detalhes acerca do sofrimento e preconceito que era vivenciado por aquelas pessoas que viviam naquele lugar, à margem da sociedade. Contudo, em entrevista na rádio Vale FM, na ocasião supramencionada, indagado sobre como era viver no Queimadinho, nos passa por alto como era a vida dos habitantes do lugar, dando um maior foco em como era a vida das crianças, filhas das mulheres que viviam no Queimadinho:

É muito complicado generalizar a situação de todos ali, eu costumo dizer quando as pessoas me perguntam é que nós fomos criados ali, num clima, numa situação de irmandade. Tipo assim, as mulheres discutiam entre si, elas brigavam, chegavam a puxar os cabelos umas das outras, mas na hora da necessidade, na hora de uma doença, ou até mesmo de uma necessidade de alimentos, estavam todas juntas, elas se preocupavam umas com as outras. Até conosco que éramos crianças, a nossa vida, nós que éramos crianças ali, eu, o José Luiz, e outros mais, Corujinha da Dona Venança que já é falecido, a nossa vida era ali, mas nós tínhamos também uma vida diferenciada, porque naquele tempo existia a idéia, o juiz de direito não queria crianças com menos de 16 anos ali naquele local. Então, ele obrigava, e quem segurava isso era Lourenço Barbosa, eles ameaçavam tomar e levar pro Juizado, Lourenço Barbosa segurava: “Não toma ninguém... cada uma delas vai escolher alguém pra cuidar das crianças, pra dormir fora de lá”. E assim era... Eu, particularmente, fui praticamente criado ali perto, na Rua Ludgero Raulino, que é paralela ali, pela minha madrinha Cipriana. Diga-se de passagem, de manhã eu ia pra escola, de meio dia a tarde, aos sete anos de idade, eu comecei a trabalhar muito cedo, eu vendia ovo cozido no barzinho, pro sustento da casa, e de meio dia à tarde, laranja, bolo frito, no ônibus e no trem, então nós tínhamos uma vida parecida com a vida normal, com a diferença de que nós éramos vistos, inclusive meu sonho era isso, eu não tinha como convidar um amigo pra minha casa, porque nós éramos discriminados por morar no Queimadinho. A gente tinha que se sobressair de uma forma ou de outra, a nossa vida era uma vida parecida com a vida normal, com o diferencial dessa discriminação, porque a gente não se via, pelo menos pra mim era um sonho, eu contava tudo da minha vida que eu tinha em mente praquele pé de tamarindo (...). Outro parente próximo nosso é o açude da Tranqueira, pra nós era o açude do Queimadinho, porque ele era bem mais próximo do Queimadinho do que da Tranqueira não é? E aí quando fizeram aquele açude ali não fizeram pensando na Tranqueira E ali a vida era assim, eu tinha sonhos, eu deixava o cabelo crescer porque eu gostava de Roberto Carlos, cheguei a usar cachimbo, porque eu tinha visto uma foto do Roberto Carlos usando cachimbo, e eu gostava de estudar, mas eu dizia pro papai “me ensina um pouquinho de violão aí” e o papai dizia assim “você tem que ser médico”. Ele tava errado, devia ter me ensinado um pouquinho de violão porque eu gosto de compor música”. (op. cit)

O mesmo José de Ribamar Gomes, vulgo Ribas Kaburé, chegou a compor um samba-canção contando como eram as festas que aconteciam no Cabaré da Venança, intitulado “CASA DE VENANÇA”:

CASA DE VENANÇA

 

Casa de Venança...

Outrora palco de bonitos carnavais

E a homenagem merecida a gente faz

Hoje a saudade quando aperta,

Lembranças daquela festa...

 

O ponto de apoio o pé de Tamarindo.

As meretrizes desfilando, sempre sorrindo.

Coruja e Brasão gostavam,

Ana Caburé cantava, era tão lindo!

 

O baile sempre acontecia

No Vai Quem Quer à luz do dia

As fantasias rosa e branca

Na calçada da Venança, só alegria...

 

Seu Luiz Pastora, o sanfoneiro

Parecendo um pavão todo faceiro

Zé Maria e fuliza no salão,

João Lobo e França cantavam o refrão.

 

Refrão

Bota a Paulina no samba, a Lemita também,

Chama a Creusa, a Das Neves, a Toinha já vem,

Helena e Joana Tanaza, a festa começou.

Escurinha, Maria Mucambin, Arcanja e Lurde Preta,

Dona Raimunda Grela, Chica e Maria Teta,

O Chico Fogoió e o Fogo Pagou.

 

À noite o baile prosseguia.

O Antônio Russo organizava.

Ao som de Raimundo Custódio,

Com seu repertório próprio... como tocava!

 

Salão de palha no quintal,

Dona Teresa desfilava,

Mandando ver no carnaval,

Servindo aquela panelada.

 

Refrão

Bota a Paulina no samba, a Lemita também,

Chama a Creusa, a Das Neves, a Toinha já vem,

Helena e Joana Tanaza, a festa começou.

Escurinha, Maria Mucambin, Arcanja e Lurde Preta,

Dona Raimunda Grela, Chica e Maria Teta,

O Chico Fogoió e o Fogo Pagou.

O pé de Tamarindo, tantas vezes mencionado por Ribas Kaburé em suas falas sobre o Queimadinho, é uma árvore secular que até hoje ali se encontra erguida, uma testemunha de toda a história do lugar que ali permanece de pé, como lembrete a todos de um tempo passado e de muita coisa que ainda virá.

Na foto, o centenário pé de tamarindo do Queimadinho.

Também permanece como testemunha material desse período, o açude da Tranqueira, ou como chama Ribas, açude do Queimadinho, eis que o lugar era frequentado pelas mulheres que exerciam o ofício do meretrício no cabaré da Venança, onde iam lavar roupas, buscar água pra consumo doméstico, ou banhar-se com amigas e com suas crianças.

O certo é que o salão de festas da Casa de Venança, ou Queimadim, era sempre animado por músicos altoenses, a exemplo dos já mencionados Luiz Pastora, Fogo Pagou, e no violão Chico Fogoió, França, João Lobo, Zé Maria, dentre outros. José de Ribamar, vulgo Ribas Kaburé, conta ainda um caso envolvendo o sanfoneiro Luiz Pastora que terminou nas páginas policiais da cidade de Altos:

Luiz Pastora tinha um caso no Queimadinho, como todo mundo tinha naquele tempo. Mas ele era tranquilo porque não queria dar o desgosto pra família dele. E tinha uma mulher chamada Edith... Só que o Luiz Pastora começou esse caso com essa mulher, ,as ela tinha um homem que bancava ela! Pedro, o nome dele... não vou citar o sobrenome porque é complicado, vou ter que provar depois aí vai dar confusão, mas era Pedro, muito conhecido da cidade de Altos, famosos eletricista, era muito conhecido na cidade de Altos e o Pedro sustentava essa mulher de tudo... e aí as outras mulheres tinham inveja, porque o Pedro só gostava da Edite, gastava com ela, né? E aí um dia essas mulheres resolveram esculhambar o negócio, jogar a merda no ventilador... E aí chamaram o Pedro e disseram: “Olha, tu fica bancando aí a Edite, mas tu nem imagina, o Luiz Pastora, na hora que tu dá as costas, quem fatura é ele...” Rapaz, aí o Pedro, fez que ia embora certa vez e voltou mais cedo... Pegou a Edite no quarto mais o Luiz... Meu Amigo... Pedro largou o pé na porta, naquele tempo, a porta naquele tempo era feita com aquelas caixas que vinham com o sabão, aquela madira bem fragilzinha que vinha com aquele sabão NOVO NILO... Pedro largou os dois pés na porta, arrebentou, Negão Luiz passou com a cueca na mão por debaixo da perna dele e a Edithzona lá escangaiada em cima da cama, óia, já imaginou véi? Rapaz, aí o Pedro pegou essa cunhã de taca, bofete que ai os olhos dela ficaram parecendo que era esporada de maribondo. Aí as outras mulheres vendo que aquilo poderia acabar em morte, correndo, foram dar parte na delegacia do delegado Chico Marcos. Chico Marcos, o nosso conterrâneo. Chico Marcos, imediatamente mandou Manel Freitas, que era um soldado que tinha, há mais de 200 anos que ele era soldado ali, naquele plantão, Manel Freitas... Manel Freitas veio imediatamente no Queimadim pra dar ordem de prisão pra flagrar, que ali era o flagrantezão, a delegacia tinha um jipe, Manel Freitas imediatamente convocou o motorista do Jippe, vieram no Queimadim, flagraram, a Edith com os olhos tudo inchado de pancada, ela apresentou a queixa, as outras registraram a queixa, e o Luiz Pastora saindo, descendo a calçada do Queimadinho, com a sanfonazona de lado, aquela camisona branca bonita que ele tinha, com o cinturãozinho do emblema do Fluminense, passando o pentezinho no cabelo, sorrindo como se não tivesse acontecido nada, aí o delegado disse “cinco horas da manhã eu quero todo mundo lá na porta da minha delegacia, e eu era... com 10 anos de idade, 8 anos de idade, vendia meus ovos cozidos, e eu queria ver o desfecho das coisas eu fui também.Aí lá eu vi, Seu Chico Marcos, delegado, chamou assim a Edith, aí disse “tô vendo que a senhora é a vítima”, com os olhos aí inchados de porrada, parece que chorou a noite toda, a senhora aqui eu tô vendo que isso aqui se trata de um triângulo amoroso... eu não vou me alongar nisso aqui não! A senhora que vai decidir... a senhora vai me dizer com qual a senhora quer ficar e o outro que a senhora não quer eu vou dar uma cadeia nele e acabou-se, o caso tá resolvido”. Aí a Dona Edith sentou ali com aquele vestidão longo e os olhos tudo papocado de tabefe, aí olhou assim pro Luiz Pastora e olhou pro Pedro. Aí o delegado disse “umbora Dona Edith, eu tô esperando a senhora decidir com quem que a senhora quer ficar”, aí ela disse “eu vou ficar com o Luiz. E o delegado disse “Com o Luiz?”, “Sim, porque ele é carinhoso”. Rapaz, esse Pedro se levantou e aí disse “Mas Edith...” ele era gago, ninguém sabia porque ele era gago... “Mas Edith, como é que tu diz que um nêgo desse é mais carinhoso do que eu, Edith, se só em teu ** eu fui três vezes nessa semana Edith”. Aí o delegado disse: “prende todos três, isso é uns debochado”. (2022)

O sanfoneiro Luiz, teria protagonizado ainda outros episódios, no mínimo, cômicos no Queimadinho. Como disse Ribas Kaburé, Luiz era casado. Sua esposa era a Dona Mercedes, por quem ele, apesar de boêmio, tinha muito respeito. Conta Jerry Costa (2023), filho do sanfoneiro, em depoimento ao canal CulturAltos, que uma vez Mercedes, precisando de dinheiro para fazer compras para casa, sabendo que Luiz Pastora estava no Queimadinho, resolveu ir atrás dele no lugar. Lá chegando, de longe já vê o marido agarrado com uma meretriz, ocasião em que ele, também percebendo a chegada da esposa, e temendo um escândalo por parte dela, resolve improvisar e levanta a mulher em seus braços e diz à moça “Eu não disse que você só pesava 50 quilos?”. Diante da cena, Mercedes retruca com o marido dizendo “Luiz eu sabia que tu era sem-vergonha, mas balança não”.

Luiz Pastora (sanfona), Fogo Pagou (pandeiro) e Zequinha (banjo) com amigos

O certo é que em meio à boemia, forró, comida e tudo o mais que havia por ali, o a vida das mulheres do Queimadinho não era nada fácil, embora tentassem classificá-las como “mulheres de vida fácil”. 

Outro pesquisador, John Kennedy de Carvalho Justino, em monografia denominada “DIVIRTAM-SE: EM CENA, O LAZER E A SOCIABILIDADE EM ALTOS – PIAUÍ” (2012), narra como era o ambiente da zona de prostituição nas imediações do Cabaré da Venança:

O Queimadim era uma rua em que havia vários bordéis, na maioria feitos de palha, e depois que houve o incêndio logo ficou denominado pelo nome Queimadim, uma zona de meretrizes que atraía homens para o deleite sexual e sociuabilização. As relações com a sociedade eram intrigantes. Naquela rua, a maioria das mulheres eram solteiras e viviam perambulando ou na rua ou dentro dos bordéis. Muitas pessoas, principalmente as mulheres ditas de famílias, não passavam por aquela rua por ser uma zona prostibular; “(...) Essa rua aqui era pero lado e por outro, era só casinha de mulherzinha solteira, aí tinha muita gente que não passava por aqui. Ah! Passar no meio do cabaré, então passava na rua do outro lado” (MESQUITA, 2011).

A rua dos bordeis do Queimadim não tinha saneamento básico e o formato das casas era simples, feitas de adobo, algumas cobertas com telhas e outras com palha, com um balcão de madeira separando o espaço dos clientes e do bar. No bar havia apenas uma prateleira onde ficavam as bebidas. Logo atrás, encontravam-se os quartos, onde a proprietária ficava com as chaves. Espalhavam-se algumas mesas e cadeiras de madeira em pequeno número. Na rua, uma das casas mais frequentadas era a da Dona Venância, recanto de muita animação, bebedeira, divertimento, sociabilidade e prostitutas. “Dona” era como os frequentadores do lugar tratavam a cafetina, e, nesse espaço, destacavam-se algumas prostitutas assíduas do local: Maria Cheira Tudo, Joana Tanasa, Rita Roque, Maria Mucambim, Madrinha Baíca e a Ceição.

Entretanto, esse divertimento e alegria cediam lugar, muitas vezes ao medo, à angústia, ao terror dos soldados do Batalhão de Engenharia Civil (BEC). A zona meretrícia ficava perto da linha férrea que cortava Altos em direção à cidade de Parnaíba e, em uma dada época, o Batalhão estava instalado em uma estação em construção na cidade. Durante o dia os soldados dedicavam-se à construção da estrada de ferro e, à noite, muitos seguiam em direção aos bordéis do Queimadim. Ali, empunhavam suas próprias leis e, quando se embebedavam, espalhavam o terror pelo espaço, que terminava sendo palco de brigas. As prostitutas eram, em muitos casos, vitimadas pela violência desses sujeitos e nem sempre saíam ilesas dessas situações. (JUSTINO, 2012, p. 57-58)

Rubens Félix aponta ainda como abusadores das prostitutas um grupo de filhinhos de papai que se auto intitulavam “Os Mariposas”. Há toda uma mítica envolvendo os mariposas, pois poucos se atrevem a revelar a sua identidade, eis que hoje em dia seriam pessoas poderosas na cidade de Altos (empresários, comerciantes, autoridades...). Alguns romantizam suas histórias, atribuindo-lhes feitos, por vezes, heroicos. Muitos, contudo, relatam uma série de abusos por ele cometidos, como é o caso de Toni Rodrigues (2004) que os descreve em sua obra Histórias policiais e memórias ocultas como sendo

[...] filhos das oligarquias reinantes que se reuniam à noite para andar pelos bares da cidade e espancar casais de namorados e velhos indefesos; alguns mais afoitos, chegavam a praticar assaltos, tomando dinheiro de suas vítimas indefesas para custear maconha e cachaça, que utilizavam durante a madrugada inteira em luaradas na praça da matriz, movidas a violas e cantorias que perturbavam a todos.

Ninguém podia dizer ou fazer absolutamente nada. O melhor era cerrar as portas e tapar os ouvidos para não ouvir as asneiras que eram ditas e as músicas extremamente desafinadas que eles cantavam, depois de atordoados pela maconha e pelo álcool. O delegado recebia muitas reclamações, mas não tinha nenhum poder para investigar contra os perturbadores da ordem pública. (p. 21)

De acordo com a pesquisa de Rubens Félix, fundada na oitiva de depoimentos de antigas prostitutas da cidade de Altos, os Mariposas seriam um grupo de baderneiros que, por vezes, bagunçavam nos cabarés, chegando a arrombar as portas a chutes e a bala, e, ainda, ameaçar as prostitutas sobre a mira de facões, pedindo bebidas no bar do cabaré sem pagar. Rubens chega a apontar que o responsável pelo incêndio do Vai Quem Quer da Venança tenha sido levado a cabo por um dos Mariposas, que seria filho de um ex-prefeito da cidade. Todavia, Ribas Kaburé, em entrevista concedida na Vale FM, nega essa possibilidade, pois, segundo ele, na época do incêndio no Queimadinho ainda não existia a turminha dos Mariposas, e chega a descrevê-los como personagens que em suas ações ilícitas, na verdade, praticavam um certo justiçamento e heroísmo, ainda que ilícito, como Robin Hood, Lampião e outros justiceiros famosos, que defendiam os pobres e oprimidos:

Os Mariposas vieram depois, o Queimadinho já tinha incendiado. Quando o Queimadinho pegou fogo, ainda não tinham os Mariposas. Eu lembro disso porque eu era criancinha quando começaram os Mariposas e eu lamentava não ter mais idade para participar do grupo, porque eu queria ser como eles. Eu nunca ouvi dizer que os Mariposas tivessem dado uma piza num lavrador ou num pedreiro ou noutra coisa... Eles só pegavam aqueles cabras que tinham fama de valentão, que andavam assaltando pela cidade, e aí [...] Os integrantes eram de nossa sociedade, colegas da gente, a gente sabia quem era todo mundo e todo mundo ficava calado, e aí eles ouviam os comentários, e de noite eles se reuniam e decidiam qual era a pessoa que eles iam tacar a corda. Teve uma vez, um camarada que tinha fama de bater em rapariga, e as raparigas denunciaram, os Mariposas pegaram ele ali na beira da linha de ferro, começaram a bater nele às zero horas e bateram até cinco e meia da manhã. Ele passou dois anos sem andar no Queimadinho. Ele ia apanhando e escutando, “você tá apanhando porque você bateu em rapariga” (2021).

Ainda de acordo com Rubens Félix, as mulheres que viviam naquele lugar levavam uma vida de extrema pobreza, com muitas privações.

Tal pobreza, entretanto, provém muito mais da má administração do dinheiro adquirido do que da incapacidade de adquiri-lo, pois mesmo durante os tempos bons e rentáveis do meretrício, muitas dessas mulheres afundavam no consumo de drogas, e, quando não, tinham sempre um gigolô a quem sustentar. Mesmo não havendo uma fundamentação estatística, sabe-se que a renda das prostitutas entre o recorte temporal proposto sempre fora superior a dois salários mínimos (p. 41).

O mesmo pesquisador, em sua monografia, informa ainda que

Algumas trágicas mortes ocorreram naquele lugar, tanto de frequentadores que se envolviam em confusões, como de mulheres que ali trabalhavam e que eram violentadas quase sempre por clientes por alguma razão insatisfeitos, ou por prostitutas rivais, porém a mais marcante teria sido a da prostituta Maria Fininha, esfaqueada dentro do cabaré por um de seus clientes, com quem teria um caso. (op. cit., p. 40).

Entre as mortes ocorridas no Queimadinho, pode-se destacar ainda a do jovem de iniciais M. L. R., chamado por muitos de Leriano, que encontrou ali o seu fim de forma trágica, e depois passou a ser conhecido como o “Corpo Santo de Altos”, ou mesmo como uma alma milagrosa, por outros chamado de “Santo do Queimadinho”, eis que foi ali que se deu o seu martírio. Mas essa é uma história à parte, que contaremos em outra ocasião nessa coluna.

Plaquinha com as iniciais M. L. R. e a data de nascimento e falecimento de "LERIANO", o corpo santo de Altos (santo do queimadinho), fotografada no local de sua morte, ali mesmo na Rua do Queimadinho

Rubens Félix conta em sua monografia que era grande a segregação enfrentada pelas “mulheres da vida” no passado altoense. Não podiam elas conviver com as “mulheres honestas”, para não “corrompê-las”:

A forma com que eram tratadas as prostitutas fora do seu ambiente de trabalho era, deveras, bem hostil; a elas não cabia frequentar igrejas nem tampouco festas, onde “moças de família” estivessem. Houve caso, inclusive, de prostituta ser retirada à força pelos cabelos de uma dessas festas (…) mas que fora isso, contraditoriamente, elas sempre foram bem respeitadas desde que se mantivessem em seu devido lugar. (…)

O respeito dado a elas no período em questão reservava-se aos seus lupanares, mas que provinha apenas dos seus clientes que, em casos excepcionais, excediam seus limites. A outra parte da sociedade, mantinha um respeito à distância, pois não se aproximavam, nem permitiam aproximação. (p. 52)

Zé da Prata, um poeta popular altoense, que fazia versos provocativos, com alto teor de escárnio, deboche e erotismo, se referiu às meretrizes do “Vai Quem Quer”, depois chamado de Queimadinho, de certa forma ajudando a marginalizá-las, como pessoas que não se cuidavam e portavam doenças venéreas, mostrando em suas poesias satíricas um certo preconceito que havia na sociedade de então contra essas mulheres:

Os ‘gato’ do Vai Quem Quer

Quando vê os home, adora,

Num lembra da pedra lipse,

Que dói vinte e quatro hora (DIAS, 2011. P. 42)

John Kennedy de Carvalho Justino, em sua monografia, apresenta depoimento de antigo proprietário de casa de festas que funcionou em Altos a partir da década de 1970, chamada Churrascaria Paixão (que mais tarde, sob outra administração, viria a se chamar Som Baile), onde este afirma, quanto ao estabelecimento que

(…) Começou como uma casa, depois um buteco, até surgir uma melhor estrutura: a churrascaria Paixão. Havia ali uma vez por mês bandas de fora e aos domingos reunião de fora ao som de vitrolas que tocava samba e bolero, onde cada mesa era numerada e havia ainda restrição quanto à entrada de pessoa calçando chinelo e quando havia insistência em querer entrar utilizando esses trajes, eu mesmo colocava pra fora.

(…) Não entrava raparigas nem qualquer pessoa que queria fazer baderna, no meu clube eu não permitia esse tipo de pessoa (…). Os pais das meninas iam deixar elas na porta do clube e eu lhes dava toda a confiança de segurança, pois a partir do momento que entravam não saíam mais a não ser quando seus pais viessem pegar. (PAIXÃO, 2009, APUD JUSTINO, p. 52)

Poucas vezes, ao longo da história de Altos, essas mulheres receberam atenção especial das autoridades públicas em âmbito municipal. Da monografia de Rubens Félix extraímos dois momentos que merecem destaque:

1. A criação da AAMA (Associação Altoense de Mulheres Autônomas), em 1988, por iniciativa do Juiz de Direito atuante na Comarca de Altos em fins dos anos 80, Dr. Antonio dos Santos, que chegou a ter sede própria e tinha o juiz como organizador maior da Associação, que, contudo, teve duração efêmera, pois as próprias mulheres, por vergonha ou medo, se autocensuravam, e, aos poucos, deixaram de comparecer às reuniões da associação, dando fim às atividades pouco tempo depois. A sede, na época, ficava pouco depois da Estação Ferroviária.

2. Quando era Prefeita de Altos Elvira Raulino (que governou Altos entre 2001 e 2004, tendo sido eleita em 2000), a então governante do executivo municipal mandou construir um pequeno galpão em frente aos prostíbulos e bares da rua do Queimadinho para que ali fossem ministradas aulas afim de alfabetizar as garotas de programa, mas tal projeto restou igualmente frustrado, valendo o registro da tentativa. O galpão, no fim das contas, nunca foi utilizado para nenhuma aula sequer, e, no mais das vezes, acabou sendo utilizado apenas para reuniões, bate-papos e bebedeiras das meretrizes com os clientes que por ali passavam.

Carteirinha de Dona Lemita como associada da AAMA

A pobreza enfrentada por essas mulheres, muitas vezes impunha à sua prole, o dever de buscar ajudar no sustento da família desde cedo.

O preconceito sofrido pelas mulheres do Queimadinho, disfarçado sob a forma de um “respeito” que segregava, também era vivenciado por mulheres que se entregavam ao meretrício na Rua do Cemitério, na Feira dos Bichos, na Lemita, na Fifia, no Zuca e em outras áreas em que se presenciava a prostituição em Altos, alguns deles surgidos antes, outros depois do Cabaré da Venança.

Os cabarés da cidade, além de sua frágil edificação, dispunham, por exemplo, de péssimas condições de higiene. Suas construções ewram, geralmente, casebres de taipa cobertos com palha de babaçu, material de refugo (madeira, papelão, compensado) ou totalmente de palha, portanto muito vulneráveis a acidentes com fogo. Tinham, na maioria deles, duas dependências apenas: uma área de recepção do cliente (bar) onde as prostitutas e seus homens se reuniam aos montes, e um pequeno quarto destinado à prestação do serviço que, no início, até meados do século XX, era numa esteira de palha, ou, quando muito, numa rede velha. Ao canto do quarto havia uma vela ou lamparina acompanhada de um litro de água para asseio do cliente e da mulher. Banheiro não havia, pelo menos não conjugado ao quarto. Existia às vezes um pequeno cercado de palha ao fundo do quintal onde os clientes urinassem e, conforme os relatos, praticava-se o ato ali mesmo, em pé, quando não desejassem esperar pela vez, o que desgradava ao dono ou dona do prostíbulo, que deixava de lucrar com a venda da chave. A chave era a senha de acesso aos quartos: o cabaré podia até não ter paredes, mas uma porta e uma boa fechadura, isso não faltava! (FÉLIX, p. 47)

Especificamente, quanto às mulheres que habitavam o Queimadinho, Rubens Félix afirma ainda em sua monografia:

Até pouco tempo as condições do local se mostravam tão precárias e insalubres quanto no início (…).

Transmitiu-se uma pesada herança que somente em pleno século XXI, naquela zona, resolveu minguar. Tão certa quanto a prostituição herdada por diferentes gerações foi a pobreza que sempre acompanhou a prole das mulheres da vida do Vai Quem Quer. (p. 40)

Com o decurso do tempo, e a falência progressiva do modelo de cabarés, dado o fato de hoje se obter “sexo fácil” inclusive com “moças de família” solteiras, que cada vez menos carregam a obrigação de se casarem virgens, em razão da evolução do código moral ao longo dos anos, menos patriarcal, e cada vez mais favorável à mulher (apesar de persistir algum preconceito ou estigma sexual contra as mulheres), as mulheres que antes se entregavam ao meretrício na Rua do Queimadinho foram cedendo espaço para que o lugar passasse a ser ocupado por famílias, algumas ainda pobres (embora em condições de vida muito melhores que elas) e, por ali, já não se verifica, ao menos em regra, a prática de prostituição.

Os antigos casebres rústicos e muito humildes foram, com o tempo, melhorando, e dando espaço a casas de tijolo, ou ao menos, muito melhores do que eram aquelas daqueles tempos. Hoje já se vive ali em melhores condições, e, creio, num curto espaço de tempo, o passado do Queimadinho ficará apenas na memória. 

Não podemos esquecer, contudo, a vida de lutas enfrentada por essas mulheres, que, de uma forma ou de outra, ajudaram a construir a história da cidade de Altos.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

BARBOSA TERCEIRO, José Gil. Aureliano, o corpo santo de Altos (Santo do Queimadinho). Causos Assustadores do Piauí, 14 mai. 2017. Disponível em: . Acesso em 29 set. 2024.

BARBOSA TERCEIRO, José Gil. Luiz Pastora: O Sanfoneiro Boêmio. CulturAltos, 20 mai. 2023. Disponível em: . Acesso em 29 set. 2024.

BARBOSA TERCEIRO, José Gil; ARAÚJO, Marcondes Gomes de. Entrevista com José de Ribamar Gomes. A HORA DA ACADEMIA (programa da ALLNA na Vale FM), Altos, Piauí, 2021.

DIAS, Carlos Alberto. Câmara Municipal: Memória Histórica. 2. ed. rev. e ampl. Altos, 2004.

DIAS, Carlos. FRAGMENTOS DO FOLCLORE ALTOENSE. PORTAL ALTOS. Disponível em: <http://portalaltos.com.br/novo/?pg=not%EDcia&id=1116>;. Acesso em 14 de maio de 2017.

FÉLIX, Francisco Rubens Visgueira. O corpo a troco da dignidade (1970-1990). Monografia apresentada ao Curso de Licenciatura Plena em História da Universidade Estadual do Piauí como requisito à obtenção do grau de licenciado em história. Orientador: Fábio Nadson Bezerra Mascarenhas. Campo Maior, Piauí: 2011. 

GOMES, José de Ribamar. Depoimento para o Canal CulturAltos. Canal José de Ribamar Gomes, 1 mar. 2022. Disponível em: . Acesso em 29 set. 2024.

JUSTINO, John Kennedy de Carvalho. DIVIRTAM-SE: EM CENA O LAZER E A SOCIABILIDADE EM ALTOS-PI. Monografia apresentada ao Departamento de Geografia e História do Centro de Ciências Humanas e Letras da Universidade Estadual do Piauí para a obtenção do título de licenciado em História. Orientador: Prof. MSc. Domingos de Carvalho Junior. Campo Maior, Piauí, 2012.

RODRIGUES, Toni. Histórias Policiais & Memórias Ocultas. Teresina: Corisco, 2004.